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Magliani

Foto do escritor: Pedro VargasPedro Vargas

Atualizado: 14 de out. de 2024



Maria Lídia Magliani (Pelotas, 1946 – Rio de Janeiro, 2012) nasceu em uma família de artistas e decidiu ser pintora. Na verdade, se tornou uma multiartista: foi atriz, desenhou figurinos, fez arte gráfica, objetos tridimensionais e realizou cenografias. Criança, foi morar em Porto Alegre, na periferia, no bairro Sarandi. Sua história no mundo artístico se inicia em 1963, quando passa a estudar artes no então Instituto de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sendo a primeira mulher negra a receber diploma de artista daquela universidade em 1966.


O trabalho de Magliani logo se torna referência no Estado. A artista passa a viver em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, tendo participado ao longo da carreira de mais de 100 exposições individuais e coletivas. Contando com obras nos acervos dos principais museus públicos e privados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, é nome de rua no bairro Campo Novo, na capital gaúcha.


Embora nunca tenha se declarado militante, sua obra é considerada de grande força poética e atravessada por temáticas feministas, raciais e políticas. Suas pinturas enfatizam de uma forma dilacerada e trágica a figura humana e o corpo da mulher dentro de uma sociedade misógina. O professor Paulo Gomes, do Instituto de Artes da UFRGS, diz que apesar das dificuldades de ser artista, mulher e negra à época (anos 1960), Magliani conseguiu um reconhecimento rápido dentro de um sistema que por princípio é bastante fechado e machista. Criou boa parte das suas obras no período da ditadura civil-militar.


Apesar de ter passado por sérias dificuldades financeiras no fim da vida, é indiscutível a importância de sua obra, na atualidade, para estudantes, artistas, pesquisadores e curadores negros, ressalta o professor Paulo Gomes (2022):


O trabalho dela tem grande relevância porque ela transformou-se realmente em um exemplo. Um exemplo de mulher negra, artista bem-sucedida, que era de uma classe social baixa, que faz uma universidade pública e consegue estudar, se formar e projetar uma carreira nacional de grande relevância.


A artista pioneira que quebrou uma série de barreiras ao longo da vida, produzindo com reconhecimento numa sociedade machista, autoritária e racista, sem nunca se render aos modismos da arte, construiu uma biografia que é referência para jovens negros e negras que procuram lançar questões pungentes sobre a sociedade atuando no campo das artes.



Referências:


GOMES, Paulo. Poética visual marcante de Maria Lídia Magliani inspira novas gerações. [Entrevista cedida a] Victoria Rodrigues. Jornal da Universidade, Porto Alegre, 30 jun. [2022]. Disponível em: ufrgs.br/jornal/poética-visual-marcante-de-maria-lidia-magliani-inspira-novas-geracoes. Acesso em: 03/12/2021


ROSA, Renato. Magliani: A solidão do corpo. Pinacoteca Aldo Locatelli. Prefeitura de Porto Alegre, 2013.


OLIVEIRA, Luanda Dalmazo. Maria Lídia Magliani: uma trajetória possível. Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto de Artes, Curso de História da Arte, Porto Alegre, 2018



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Guest
Aug 09, 2023

Tive o privilégio de conviver com a Magliani como diagramadores na Folha da Manhã. Entre tantas habilidades e características, ela foi uma pessoa potente como poucas.

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