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Foto do escritorJacqueline Custódio

Bar Naval Chopp

Atualizado: 14 de out.



Consta que o registro do Bar Naval Chopp foi aberto por holandeses, em 11 de maio de 1907, mas que foi fundado no ano anterior. Outra versão diz que o italiano Ângelo Crivellara foi seu fundador e a foto dele no bar reforça essa hipótese. Situa-se, desde então, no térreo do Mercado Público de Porto Alegre e, inicialmente, foi ponto de encontro de imigrantes alemães, sendo famoso por seu chopp e pela culinária luso-brasileira. Sobreviveu a duas guerras mundiais, à enchente de 1941 e aos incêndios do Mercado. Em 1953, foi assumido pelo português Antônio Lopez Branco e, a partir de 1961, por João Fernandes da Costa, também português.

Com a construção do Cais do Porto, em 1920, o Naval constituiu-se em um ponto de encontro dos marítimos e estivadores, que eram, em sua grande maioria, negros. Mas não só eles, pois o Mercado era um indicador informal de empregos de baixa remuneração, atraindo inúmeros trabalhadores negros que também finalizavam o dia socializando no boteco. Segundo um dos atuais proprietários, foi o primeiro bar da cidade a receber negros e brancos no mesmo ambiente.

O lugar foi referência para os boêmios da cidade e, segundo conta-se, recebeu frequentadores ilustres internacionais, como Carlos Gardel e Carmen Miranda, e estrelas locais da envergadura de Lupicínio Rodrigues e Elis Regina, além de políticos, como Getúlio Vargas, João Goulart e Glênio Peres. Também foi referencial de lazer, considerado marco importante para os negros, uma vez que foram perdendo seus espaços no centro da cidade, fazendo dali um território simbólico, em conjunto com o próprio Mercado Público, sendo o local de encontro do movimento negro e marcado pela participação política de seus frequentadores.

Depois da restauração do Mercado Público (1990-1997), a maioria dos bares e as pequenas lojas fecharam ou perderam suas características principais. O Bar Naval Chopp resistiu e, hoje, chama-se Restaurante Naval, mudança feita nos anos 2000. Na atualidade, tem outro público frequentador.






Referências


BURKHARDT, Fabiano. Um bar sem preconceito. Jornal Laboratório Três x Quatro. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. Porto Alegre, Agosto, 1999, p.3.


JORDANI, Airton. Violento Mocotó no Naval. Blog Arte na mesa.com. Porto Alegre, 09 jun. 2008. Disponível em: http://artenamesa.blogspot.com/2008/06/violento-mocot-no-naval.html. Acesso em: 31 maio 2023.


IGLESIAS, Simone. Bar Naval, 100, abrigou de Lupicínio a Getúlio. Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 01 nov. 2007. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/turismo/fx0111200727.htm. Acesso em: 31 maio 2023.


XAVIER, Amanda. Tradição no prato: conheça os restaurantes mais antigos de Porto Alegre. Caderno Destemperados, Jornal Zero Hora. Porto Alegre. 23 ago 2021. Disponível em:


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