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Foto do escritorJane Mattos

Clube Náutico Marcílio Dias

Atualizado: 14 de out.



No dia 02 de julho de 1949, o impresso gaúcho Folha da Tarde estampou em suas páginas um convite aberto e dirigido “aos homens de cor” da cidade de Porto Alegre. Com previsão para os primeiros dias de julho, o encontro anunciado aconteceria no Teatro Anchieta (Avenida Brasil) e objetivava estudar as possibilidades da constituição de um Clube Náutico, inicialmente anunciado como Clube Náutico José do Patrocínio, contudo recebendo a nominação de outro intelectual negro, Marcílio Dias. Destinado à prática do remo e da natação, “esportes que traziam benefícios para os jovens negros,” mas que era lhes era negado o acesso aos clubes brancos da cidade.


Desta forma, seria fundado na data de 04 de julho de 1949, o Clube Náutico Marcílio Dias, envolvendo esportistas como João Nunes de Oliveira (um dos proponentes do convite aos homens de cor), advogados, comerciários, funcionários públicos e estudantes que organizaram uma junta para a elaboração dos estatutos e a composição da iniciante diretoria.


A então junta governativa provisória traçou os objetivos para o clube. Entre seus principais articuladores estavam: Armando Hipólito dos Santos (advogado), João Nunes de Oliveira (comerciário), Heitor Nunes Fraga (industriário), Paulo Santos (acadêmico), João Batista da Silva (desenhista), Miguel Machado (comerciário), Morelino Caldeira da Silva (funcionário público) e Kleber de Assis (industriário). Posteriormente, alguns destes membros formaram a primeira diretoria da entidade.


No ano seguinte, em 12 de junho de 1950, o Clube abre oficialmente “suas portas” no prédio da Av. Praia de Belas, n. 2286. Seus salões foram cenário de inúmeras festas comemorativas compartilhadas especialmente com outros clubes negros, quando foram vivenciados os bailes de carnaval, natal e outros festejos que se tornaram amplamente reconhecidos como grandes acontecimentos da comunidade negra de Porto Alegre.


Na década de 1960 foi editado um jornal interno chamado Ébano, e entre seus idealizadores estava Eloy dos Angelos. Teve somente dois números que veiculavam as atividades do clube e de outras associações negras. No início, a sede era um chalé com poucas instalações, porém, em 1957, houve uma maior mobilização dos sócios para a construção de um ginásio, que foi derrubado no ano seguinte em decorrência dos ventos fortes nas margens do Lago Guaíba. Durante a sua trajetória, o clube não teve sede própria, permanecendo ao longo de sua existência no mesmo endereço, no bairro Menino Deus, e próximo aos antigos territórios da Ilhota e do Areal da Baronesa. Suas atividades foram encerradas na década de 1970.




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