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Escurinho

Atualizado: 2 de jul.

Luís Carlos Machado, porto-alegrense, foi um famoso jogador de futebol gaúcho, mais conhecido pelo codnome Escurinho. Nascido em 18 de janeiro de 1950, falecido em 27 de setembro de 2011, teve como uma de suas grandes marcas seus gols de cabeça, em especial aqueles convertidos nos momentos mais decisivos. Grande cabeceador, célebre centroavante da década de 1970, tornou-se um dos mais ídolos da torcida colorada. Além de jogador, também foi músico, compositor de cujas canções ficavam entre a MPB e o samba. Foi ainda participante ativo nos sambas enredos e desfiles da Imperadores do Samba.


Escurinho cresceu na Ilhota, reduto negro e boêmio de Porto Alegre, um dos berços populares ligado à trajetória do Clube do Povo, o Internacional. Esse vínculo é a provável razão de ter procurado manter viva e eterna a sua relação com o samba e a música junto da comunidade futebolística. Sendo um jogador bastante carismático, lembrado sempre como uma espécie de mascote, talismã do internacional, acabou sua carreira de jogador como um dos mais queridos da história do clube. 


O Museu do Internacional já presenteou a torcida colorada com uma exposição em homenagem ao ídolo Escurinho, realização que foi aberta numa das datas comemorativas do Dia da Consciência Negra, o 20 de novembro. O fato atenta a marca que ostentou em toda a sua trajetória de jogador orgulho negro, marcado na memória do clube colorado.


Seu codinome, contudo, por mais carinhosa e ingênua que possa parecer a expressão - na tal neutralidade axiológica - não poderia passar desapercebido um detalhe importante. Escurinho provém da palavra “escuro”, expressão tantas vezes usada em contextos sociais que legitimam a aplicação pejorativa, ofensiva e injuriosa ao homem de cor preta, o negro. “Caricaturando a pigmentação e ilação da cor negra à escuridão”, a cor da maldade, às trevas, à falta de luz. O termo não deixa de ser um derivativo de sentido figurado, na politização do exercício do termo no uso social das relações de poderes e do racismo velado e recreativo. 


Portanto, o apelido “Escurinho”, enquanto pronuncia, está carregada em sua conotação social de recortes vinculativos de pré-conceito e discriminação, nos servindo e nos orientando para exercemos um racismo normalizante e cordial, bastante encontrato e  enraizado na história do povo brasileiro, no processo do racismo mascarado no Brasil.

Escurinho, porém - é fato - teve seu apogeu no futebol nos anos 1970, num período de ditadura militar e de hegemonia de uma sociedade conservadora. Nunca deixou de ser, contudo, um jogador que reivindicava seus direitos sociais e raciais, como comprova a sua presença constante no seio do povo carnavalesco.


Tanto é verdade que no livro de Jones Lopes Da Silva, No Último Minuto: a história de Escurinho: futebol, violão e fantasia, o escritor consegue descrever e representar a história deste jogador misturando-a com a história de Porto de Alegre e da cultura negra que envolve essas convergências sociais e de verossimilhanças.


Luís Carlos Machado - o Escurinho - acabou balizando uma época do Internacional e do futebol em Porto Alegre, em especial pela quantidade de partidas que decidiu para o Inter, e particulamente como herói de muitos Gre-Nais. Sua história representa a narrativa quase que literária de uma época, pois começava no banco de um time cheio de estrelas da bola, entrava no segundo tempo e marcava gol (ou gols) de cabeça, justo quando a torcida estava mais ansiosa por uma mudança que pudesse trazer a vitória naquelas partidas. Escurinho era a carta na manga do treinador. O gol aos 45 do segundo tempo, como resultado da cobrança de escanteio cavado ao final do jogo, ou do lançamento cruzado na área. 


Em um momento de glória, Escurinho acabou participando daquele lance factual na história colorada, momento marcante e inesquecível para a torcida do Internacional, quando em 1976, diante do Atlético-MG, no Estádio Beira-Rio, num lance mágico, tabelando de cabeça com Falcão, converteu um dos gols mais bonitos da história do futebol brasileiro, ao abater o flanco do goleiro argentino Ortiz. 

Para o pânico dos "adversários” - assim descrevem Adriana Paranhos e Paulo Melo num artigo do Boletim Arquibancada Colorada - Escurinho era tido pelos colorados como “o nosso super-herói”, aquele que aparecia quando tudo parecia perdido, o último recurso que chegava para se tornar o primeiro, o gol da vitória ou da resignação o descrevem, nos momentos inesquecíveis da comunidade colorada. 


Assim Luís Carlos Machado - o Escurinho - escreveu sua história de maneira antológica no Sport Clube Internacional. O jogador também teve boas passagens pelo Palmeiras, entre outros clubes como o Coritiba, em 1980; o Barcelona do Equador, no mesmo ano, e, posteriormente, em 1981, no Vitória da Bahia. No ano seguinte jogou pelo Francana, em São Paulo, e pelo Bragantino, em 1983. Passou ainda pelo CSA de Alagoas, em 1984, pelo Caxias, em 1985, pelo La Serena do Chile, em 1986, e pelo Avenida de Santa Cruz, no mesmo ano, quando encerrou a carreira. 


Seus principais títulos como jogador foram sete campeonatos gaúchos pelo Internacional (entre 1970 e 1976), dois campeonatos brasileiros (1975/1976), também pelo Internacional, e um campeonato equatoriano pelo Barcelona de Guayaquil, em 1981.


Em 22 de setembro de 2010, foi agraciado com o título de Cidadão Guaibense pelos relevantes serviços prestados ao Município de Guaíba. O jogador, músico e compositor foi vítima de um quadro doloroso de diabetes, que resultou na amputação de uma de suas pernas em 2009 e outra pouco antes de falecer, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em 2011.


Essa pesquisa tomou como referência as seguintes fontes:


ALMEIDA, Paula. Justificativa escrita para a Guaíba Câmara Municipal de Vereadores de  Guaíba, 17 de agosto de 2015. Página: https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/static.camaraguaiba.rs.gov.br/uploads/3811.pdf

BICCA, Ana Maria Froner. Internacional: Um futebol para todos. Memória do Inter - artigo para o Blog Oficial do Arquivo Histórico do Sport Club Internacional. Página: https://memoriadointer.blogspot.com/2017/11/internacional-um-futebol-para-todos.html


Reportagem de Felipe DUARTE. Escurinho levou apenas cinco minutos para marcar o gol 700 da história dos Gre-Nais: Inter venceu o Grêmio por 2 a 0 pelo Torneio Cidade de Porto Alegre, em 1972. 16/07/2020. Página: https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/noticia/2020/07/escurinho-levou-apenas-cinco-minutos-para-marcar-o-700o-gol-da-historia-dos-gre-nais-ckcngagzv0036013gunz42mr9.html.

Artigo de Gustavo GROHMANN. Escurinho: ex-atacante do Inter e do Palmeiras. 3° Tempo. Página: https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/escurinho-1758

Artigo de Paulo MELO e Adriana PARANHOS. Força, Escurinho. Boletim Arquibancada Colorada. 2 de setembro de 2011. https://arquibancadacolorada.com.br/2011/09/02/forca-escurinho


Artigo de Moisés MENDES. Jones e Escurinho. 22 de outubro 2016. Página: https://www.blogdomoisesmendes.com.br/jones-e-escurinho

MOREIRA, Adilson. Racismo Recreativo. - São Paulo : Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do Negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1978.

SILVA, Jones Lopes da. Último minuto: a história de Escurinho: futebol, violão e fantasia. Porto Alegre: SIGNI, 2011. 


Pesquisa de imagem: Leandro Machado

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