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FAMÍLIA BATISTA

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A Família Baptista da Silva teve um papel de destaque na vida social, cultural e religiosa de Porto Alegre durante as primeiras décadas do século XX. Constituída por membros influentes como Felippe Baptista da Silva e João Baptista Júnior, foi fundamental para o desenvolvimento e a isibilidade da comunidade negra na cidade.


A presença da Família Baptista da Silva começou a se estacar com a participação ativa de seus membros em várias associações e clubes. Um exemplo notável é a sociedade instrutiva e recreativa Centro Porto-Alegrense, fundada em 1907. Felippe Baptista da Silva e Marcílio Freitas foram membros fundadores da sociedade, que tinha como objetivo promover a educação e o lazer para as famílias negras da cidade, uma causa importantíssima para a época.


A importância desta associação é ressaltada também na atuação das mulheres, como é o caso de Maria Delphina, irmã de Felippe, que foi diretora de uma das edições do baile de aniversário da sociedade, demonstrando o papel proeminente das mulheres da família Baptista na vida social e cultural local.


O jornal O Exemplo foi um ponto crucial na construção da reputação e influência da Família Baptista da Silva na cidade. João Baptista de Figueiredo foi revitalizador do periódico em 1914, que se tornou o mais importante veículo de discussão social e celebração da comunidade negra na época. Ele atuou como diretor do jornal de 1917 a 1920. Vital Baptista, outro integrante da família, também teve uma atuação destacada como gerente do jornal, além de ser ativo em diversas associações e movimentos sociais. 


Felippe Baptista da Silva, outro dos irmãos, contribuiu significativamente para a vida cultural e religiosa da cidade, sendo conhecido por seu envolvimento com a Igreja de Nossa Senhora das Dores e a Irmandade do Rosário, além de atuar como tesoureiro do O Exemplo. Sua posição no jornal e na comunidade religiosa reflete a integração da família nas instituições culturais e religiosas de Porto Alegre.


A residência dos Baptista ficava na rua General Canabarro, número 23, lugar conhecido como um ponto central de sociabilidade. A escolha desta localização, próxima a centros culturais e religiosos como a Igreja de Nossa Senhora das Dores e a redação do jornal O Exemplo, desmente a tese de que a população negra estava privativa a áreas periféricas e

marginalizadas. A proximidade da residência dos Baptista em meio aos relevantes centros de sociabilidade de então proporcionou à família estar ativamente envolvida na vida pública e na construção de uma identidade comunitária negra também nos circuitos centrais da vida urbana local.


A Família Baptista da Silva também teve envolvimento político significativo. João Baptista da Silva e seus filhos participaram ativamente no Partido Republicano Rio-Grandense (PRR). Diversos registros de atividades políticas da família, como a participação em uma festa republicana em 1906, comprovam sua adesão ao modelo político republicano, alinhado com a causa abolicionista e a representação das identidades sociais negras. 


A relação de João Baptista da Silva com figuras políticas relevantes, como Aurélio Viríssimo de Bittencourt, outro expoente negro nos grupos sociais e cultos da cidade, também é notável. Ambos participaram de atividades associativas e religiosas, como a Arquiconfraria do Rosário, que ajudaram a consolidar a presença da família na vida pública da cidade.


O legado da Família Baptista da Silva é evidenciado por sua atuação em diversas esferas da vida pública, integrando o funcionalismo público, associações culturais e irmandades

religiosas. A morte prematura de membros como a de João Baptista Júnior, em 1920, e Felippe, em 1923, impactou a família e no jornal O Exemplo


O acervo familiar dos Baptista da Silva, preservado por descendentes como Claudio Batista de Souza, inclui documentos e objetos que ajudam a manter viva a memória e a identidade do clã. Este acervo evidencia a relevância da atuação de diversos de seus integrantes na história de Porto Alegre e na construção de uma identidade para a comunidade negra local, destacando a sua atuação e contribuição para o desenvolvimento da cidade.


A trajetória da Família Baptista da Silva, com seu envolvimento em áreas tão variadas como a imprensa, política, religião e cultura, ilustra a construção de uma respeitabilidade social e a integração na vida pública, desafiando noções simplistas sobre a marginalização da

população negra na época.


Pesquisa de imagem: Leandro Machado


Referências:


Costa, Vitor da Silva. "Trajetórias e memórias de famílias negras no pós-abolição: a família Baptista da Silva (c. 1849-tempo presente)." (2020).


Perussatto, Melina Kleinert. "Arautos da liberdade: educação, trabalho e cidadania no pós-abolição a partir do jornal O Exemplo de Porto Alegre (c. 1892-c. 1911)." (2018).


Zubaran, Maria Angélica. "O Acervo do Jornal O Exemplo (1892-1930): patrimônio cultural afro-brasileiro." Revista Memória em Rede 7.12 (2015): 03-18.


 
 
 

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