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GIBA GIBA

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Gilberto Amaro do Nascimento, mais conhecido como Giba Giba, foi um dos maiores expoentes da música e da cultura afro-brasileira no Rio Grande do Sul. Nascido em Pelotas em 1936, Giba Giba se destacou como percussionista e compositor, sendo um dos principais responsáveis pela divulgação e preservação do sopapo, um tambor de origem afro-gaúcha, e por sua introdução nas baterias das escolas de samba de Porto Alegre. 


Ao longo de sua vida, desempenhou um papel crucial na valorização da cultura afro-rio-grandense, tendo se transformado em ícone e referência na cena musical e cultural do estado. O músico negro cresceu em Pelotas, cidade que tem uma forte influência da cultura afro-brasileira, e sua infância e adolescência estiveram intimamente ligadas ao universo do carnaval e da música. 


Ao mudar-se para Porto Alegre, na década de 1960, rapidamente enturmou-se com o movimento carnavalesco local, acabando por destacar-se como um dos fundadores da Escola de Samba Praiana, uma das primeiras escolas de samba da capital gaúcha.


Foi nessa época que o sopapo, tambor tradicional gaúcho de couro, ganhou destaque nas baterias das escolas de samba, graças à iniciativa de Giba Giba, que trouxe o instrumento para a cena carnavalesca da cidade.


O sopapo, que tem raízes na cultura afro-brasileira e foi inventado por escravos na região de Pelotas, é um dos símbolos da musicalidade do Rio Grande do Sul. Tradicionalmente tocado com as mãos, o sopapo tem um papel central na MPG. Na década de 1980, o instrumento passou por um período de declínio devido à crescente influência do samba carioca, fenômeno denominado de "carioquização". Nesse contexto, Giba Giba se tornou um dos grandes responsáveis pela revitalização do sopapo, trazendo-o de volta ao palco musical e conferindo-lhe uma nova identidade dentro da música popular, especialmente em Porto Alegre.


Um dos marcos mais importantes de sua carreira foi a criação, no final dos anos 1990, do Projeto Cabobu, um evento cultural realizado em Pelotas que buscava resgatar e divulgar a memória cultural afro-gaúcha. O projeto envolvia palestras, shows, e a construção e distribuição de tambores de sopapo para percussionistas e grupos de samba. Giba Giba, ao lado de outros mestres como Mestre Baptista, que também foi uma referência na construção dos sopapos, organizou o evento que contribuiu para a expansão do uso do instrumento nas músicas contemporâneas.


Ao longo de sua carreira, Giba Giba teve uma profunda influência sobre a música popular do Rio Grande do Sul. Seu trabalho como compositor e intérprete foi reconhecido por artistas de renome, como Vitor Ramil e a dupla Kleiton e Kledir, que gravaram suas músicas. Seu álbum Outro Um (1994), que lhe rendeu o Prêmio Açorianos de Melhor CD, é considerado um marco na música popular do estado. 


Giba Giba também foi um defensor da integração da música negra na cultura local, tendo sido conselheiro de Cultura do Estado e assessor de assuntos afro-açorianos na Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.


Entre os espetáculos de destaque nos quais esteve envolvido estão A Ópera dos Tambores e Missa da Terra Sem Males, ambos de grande relevância na cena cultural do Rio Grande do Sul. Esses eventos, que reuniam música, dança e cultura afro-brasileira, ajudaram a consolidar sua imagem como um dos principais difusores da cultura negra no estado.


Além de sua contribuição à música, foi um incansável defensor da cultura negra e de suas raízes no Rio Grande do Sul. Seu trabalho ajudou a inserir a cultura afro-gaúcha no debate público e a fortalecer a identidade negra no estado. Em vida, ele foi laureado com o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre em reconhecimento a sua contribuição para a

cidade e sua cultura. 


Giba Giba faleceu em 2014, deixando um legado que continua a ser celebrado por músicos, pesquisadores e amantes da cultura afro-brasileira. Até hoje é lembrado não apenas como um mestre da percussão e da música popular, mas também como um ativista cultural que lutou pela valorização da herança afro-rio-grandense e pela preservação de sua identidade musical única. Sua obra e seu impacto continuam a inspirar as novas gerações de músicos e artistas da região.


Principais Contribuições:

● Revitalização do sopapo: Giba Giba foi um dos maiores responsáveis pela preservação e popularização do sopapo, instrumento tradicional afro-gaúcho.

● Fundação da Escola de Samba Praiana: considerada por alguns a primeira escola de samba de Porto Alegre, que introduziu o sopapo nas baterias do samba local.

● Criação do Projeto Cabobu: Evento cultural que resgatou e divulgou a cultura afro-gaúcha, além de estimular a construção e o uso do sopapo.

● Reconhecimento público: Cidadão Emérito de Porto Alegre e vencedor de diversos prêmios, incluindo o Prêmio Açorianos de Melhor CD.

Discografia

● Outro Um (1994) – Prêmio Açorianos de Melhor CD

● Participação em vários álbuns de outros artistas, como Vitor Ramil e Kleiton e Kledir.

Referências Culturais

● A Ópera dos Tambores – Espetáculo que misturava música, dança e cultura afro-brasileira.

Espetáculos:

● A Ópera dos Tambores e Missa da Terra Sem Males – grandes espetáculos musicais e culturais que contaram com sua participação.

Pesquisa de imagem: Leandro Machado



Referências:

Brum, Letícia Morales. "Um percurso afetivo através de canções que cantam Porto Alegre."

Mouseion 10 (2011): 108-129.


Do Nascimento, Edu. "BONECOS ANTIRRACISTAS." MAMULENGO: 21.


Kinoshita, Lucas. "Ensinar Sopapo: um estudo com tocadores, conhecedores e mantenedores

do instrumento." XXV Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical.

2021.





 
 
 

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