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GUARANI DOS SANTOS

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Imagem criada por IA a partir da pesquisa de imagem realizada.

No Diário Oficial do Senado Federal de 10 de março de 2009 foi publicado o requerimento do Senador Paulo Paim, homem negro gaúcho com uma trajetória política representativa no parlamento nacional, na forma de um voto de pesar pelo falecimento do professor Guarani Amir Quites dos Santos, ocorrido no dia 04 de março de 2009, aos 63 anos de idade, tendo como casua uma parada cardiorrespiratória. 

No requerimento proposto pelo senador, Guarani é referido com um renomado professor, escritor e historiador, líder do Movimento Negro do Rio Grande do Sul e autor de livros como A Violência Branca sobre o Negro no Estado. Guarani, como ativista, foi filiado ao Movimento Negro Unificado (MNU) desde de a década de 1980. Para além do registro da perda, a nota oficial faz uma homenagem a um dos protagonistas da resistência ao regime de exceção empreendida pela comunidade negra do sul do Brasil e a posterior luta pela redemocratização.


A trajetória do intelectual negro Guarani Amir Quites dos Santos - ou professor Guarani Santos - como era mais popularmente referido, começa na capital gaúcha, lugar de seu nascimento em 12 de setembro do ano de 1945. 


Filho de Mara Eremita Quites e de Ary Gomes dos Santos, teve sua trajetória ligada à pesquisa histórica e à representação negra. Licenciado em História pela Faculdade Porto Alegrense (FAPA), fez graduação latu sensu (especialização) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atuou em escolas da rede pública estadual, como a politécnica Parobé, onde lecionou por um longo período, bem como nos cursinhos pré-vestibulares. 


Integrou o sindicato dos professores do Rio Grande do Sul e, além de ativista do MNU, foi também integrante da equipe de organizadores da primeira Semana da Consciência Negra da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, realizada na gestão do Prefeito Alceu de Deus Collares (no mandato de 1986 a 1989). 


Em sua trajetória político-partidária, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), integrou o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Defendeu a criação do Partido Negro Brasileiro, entendendo que a política institucional e às organizações do sistema político seriam fundamentais para as reivindicações para o povo negro. 


Em um dos seus últimos textos publicados no livro de Irene Santos em 2005, O Negro em Preto e Branco, artigo intitulado Os Primeiros Tempos, Guarani descreve a trajetória  da comunidade  afro-gaúcha desde seus primórdios, acessando a documentação que atesta a entrada dos primeiros africanos no extremo sul do Brasil, em 1737, percurso mapeado por meio de jornais e dos anúncios veiculados em publicações do século XIX, como no Diário de Porto Alegre. Tal pesquisa empreendida por ele, demonstra a escravização urbana e os atos de resistência a esta condição, apontando para as fugas e a formação de quilombos. 


Foi também autor e pioneiro de várias obras sobre a diáspora negra em terras gaúchas, O que ler sobre o Negro no Rio Grande do Sul: subsídios para a pesquisa histórica (de 1984), O negro na Constituinte, de 1986, A epopeia do Quilombo dos Palmares, de 1987 e A violência branca sobre o negro do Rio Grande do Sul, de 1990.

Pesquisa de imagem: Jane Mattos

Referências:


MACEDO, José Rivair; MOREIRA, Paulo Roberto Staudt; BARROSO, Vera Lucia Maciel. Racismo, relações de poder e história negra em Porto Alegre: séculos XIX-XX. Centro Histórico- Cultural Santa Casa. Porto Alegre: Evangraf: ISCMPA, 2023.


PEREIRA, Lúcia Regina Brito (coord.). A África está em nós: história e cultura afro-brasileira: africanidades Sul-Rio-Grandenses [et al.]. João Pessoa, PB: Editora Grafset, 2012.


SANTOS, Irene (org.). O Negro em Preto e Branco: História fotográfica da população negra de Porto Alegre. Porto Alegre: Do Autor, 2005.

Diário do Oficial do Senado, 2009.


 
 
 

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