MESTRE BOREL
- Iosvaldyr Bittencourt Jr.

- 23 de jul.
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Walter Calixto Ferreira (1909 – 2011), nascido na cidade de Rio Grande em 07 de junho de 1924, filho de Sanches Romano Ferreira (Belém do Pará) e Guiomar Eulalia Calixto Ferreira (1886 – 1964), e neto de ventre da africana Magáli Yála (Magaliyala, mãe Domingas), senegalesa que falava yorùbá e que teria vindo como escrava homiziada para a Fazenda da família Mirapalheta Calixto, em Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul.
Borel nasceu no Hospital Maternidade Rio Grande, onde permaneceu até completar 1 ano e seis meses. Aos 4 anos, foi segurado na bacia religiosa da avó para seu Orishá de Ory (cabeça): Shàngó. Em seguida, seus pais foram para Porto Alegre, morar no Areal da Baronesa, importante território negro e quilombola.
Foi casado com Maria Euzébia, sua primeira esposa, e posteriormente com Leda Melo, sua segunda esposa e mãe de Pingo do Borel. A família reconhece oficialmente essas duas uniões. Há relatos sobre uma terceira companheira, porém, segundo informações da família, tratou-se de uma relação passageira da qual não se tem registros ou detalhes.
Foi interno na Escola Pinheiro Machado, Instituto de Agronomia, onde permaneceu até 1939; depois, cursou o 2º ano ginasial na Escola Lassalista Dom João Becker, no Pão dos Pobres.
Ele é conhecido como Mestre Borel, cujo pseudônimo teria relação com o Morro do Borel, no Rio de Janeiro, onde viveu. Atuou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com Mercedes Batista, sob a perspectiva do Folclore Negro. Foi Pai de Santo do Batuque Nação Ijexá Oyó ao longo do século XX.
Considerado africanólogo e pesquisador da cultura afro-brasileira, vivenciou profundamente o Candomblé baiano (Gantois) e a Macumba carioca, onde frequentou aulas de língua yorùbá com o Prof. José Ribeiro, especialista em línguas sudanesas e bantos.
Atuou no mundo do trabalho como marítimo na marinha mercante. Em Porto Alegre, frequentou escola de ballet clássico e balé folclórico dirigida pelo Prof. Sovarino, na rua da República. Em 1940, teve contato com o poeta negro Solano Trindade, que pretendia difundir o frevo e o maracatu pernambucano em Porto Alegre, realizando peças no Theatro São Pedro e apresentações na Adega Espanhola.
Foi criador do Teatro Experimental do Negro em Porto Alegre, entre 1957 e 1959, onde exerceu o cargo de vice-presidente, sendo também diretor artístico, iluminador e ator de teatro, com destaque para os espetáculos Ritmos Bárbaros e Terreiro de Macumba. Participou do Teatro Brasiliana, organizado por Haroldo Costa, em Porto Alegre. É autor de peças teatrais como A Lenda do Diabo Branco.
Foi também integrante de inúmeras entidades de tribos, blocos e agremiações carnavalescas, como os Tupinambás, os Caetés, os Divertidos e Atravessados, além do Aratimbó, da Fidalgos e Aristocratas, da Praiana e do Estado Maior da Restinga.
Foi iniciado com Waldemar Antônio dos Santos (Waldemar Camucá / Tiemar do Shàngó), em 1930, aos seis anos, quando fez seu primeiro Ebóory (Bori de Cabeça). Aos onze anos, sua mãe o levou à casa de Mãe Andreza Ferreira da Silva (Andreza da Oxum Pandá), da vertente Oyó-Idjeshá, na Colônia Africana, onde, em 1935, aos 15 anos, assentou seus orixás e realizou seu Bori (Oberó-Obory), permanecendo até 1951.
Após o falecimento de Mãe Andreza, prosseguiu seus conhecimentos com a Iyá-Mí Eledá, Rita Garibaldi (Ritinha do Shàngó), considerada sua mãe de santo no batuque, de quem recebeu o Axé de Búzios. Iniciou como tamboreiro aos sete anos com Queza, completando seu aprendizado com Pedro da Yemanjá e Tureba do Ogum. Quando Joãozinho da Goméia esteve na casa de Luís do Bará em Porto Alegre, era Borel quem tirava os Axés (cânticos).
Mestre Borel foi considerado o Ogã Alagbê e Ogã Nilu mais velho do estado. Era uma figura pública reconhecida como griot, ancião, espécie de ancestral vivo, quase um orixá.
Foi afiliado à Afrobrás, em 27 de abril de 1980, como Babalorixá.
Produção musical:
CD Shirê de Oyó e Ijeshá – por Mestre Borel do Shàngó, Volumes 01 e 02, Atabaques Records.
Prêmios e reconhecimentos:
Prêmio Comenda João Cândido Felisberto, III Semana da Consciência Negra, GHC – Grupo Hospitalar Conceição, 28 de novembro de 2005, Porto Alegre, RS;
Troféu Zumbi, por Honra ao Mérito, Associação Satélite-Prontidão, 19 de novembro de 1997, Porto Alegre, RS;
Troféu Deputado Carlos Santos, Semana da Consciência Negra e Ação Antirracista na Câmara Municipal de Porto Alegre, Mestre Borel – Walter Calixto Ferreira In Memoriam, junho de 2024;
Prêmio Quilombo dos Palmares, modalidade Atuação na Área Afro-Religiosa, nos termos da Resolução nº 1413, de 09 de junho de 1999, em 19 de novembro de 2004, Câmara Municipal de Porto Alegre, RS.
Bibliografia:
CALIXTO, Walter Ferreira. Agô-iê, vamos falar de Orishás? Walter Calixto Ferreira (Borel), Edições Renascença, Porto Alegre, 1997;
BRAGA, Reginaldo Gil. Tamboreiros de Nação, Música e Modernidade Religiosa no Extremo Sul do Brasil, Série Estudos Musicais, PPGMUS, UFRGS Editora, Porto Alegre, 2013;
MARQUES, Olavo Ramalho. Sobre raízes e redes: territorialidades negras no sul do Brasil, Editora da UFRGS, Porto Alegre, RS.
Produção Audiovisual:
O Mestre Borel: a ancestralidade negra em Porto Alegre. Direção: Analise Gutterres. Produção: Ocuspocus Imagens, Porto Alegre, 2010. DVD.
CD Segredos do Sul, Coleção Itaú Cultural, Volume 03, nº 69, Documentos Sonoros Brasileiros, Acervo Cachuera, SP, 2001.
Audiovisual A Tradição do Bará do Mercado: os caminhos invisíveis do negro em Porto Alegre, Secretaria Municipal de Cultura, Cedrab-RS, Porto Alegre, 2007. DVD.
Axés Cantados, Atabaque’s Records, Porto Alegre. CD. S/Data.
Pesquisa de imagem Leandro Machado e Yosvaldir Bittencourt
Facebook – Ancestralidade
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Sindisprev RS
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O Explorador
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Acervos BIEV
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Observatório da Discriminação Racial no Futebol
Link:https://observatorioracialfutebol.com.br/📘 Conteúdo sobre racismo e ancestralidade no futebol brasileiro
Alma Preta Jornalismo
Link: https://almapreta.com/📰 Jornalismo negro com foco em direitos humanos, cultura e política
Museu da Pelada
Link: https://www.museudapelada.com/⚽ Site dedicado à memória afetiva e cultural do futebol brasileiro
Ludopédio
Link: https://www.ludopedio.com.br/📚 Produção acadêmica e crítica sobre futebol e sociedade
Afrografiteiras – Feira Preta
Link: https://feirapreta.com.br/afrografiteiras/🎨 Projeto de arte urbana com protagonismo de mulheres negras
Museu Virtual do Esporte – UFRGS
Link: https://www.espmuseu.ufrgs.br/🏛️ Acervo digital sobre história e memória do esporte no Brasil
Noite dos Tambores Silenciosos – Prefeitura de Olinda/PE Link: https://www.olinda.pe.gov.br/🥁 Evento tradicional das religiões de matriz africana no Carnaval
Acervo Cultne
Link: https://acervo.cultne.tv/🎥 Maior acervo audiovisual da cultura negra da América Latina
Museu da Pessoa
Link: https://www.museudapessoa.org/🗣️ Plataforma colaborativa de histórias de vida
Geledés – Instituto da Mulher Negra
Link: https://www.geledes.org.br/👩🏽🦱 Atuação em direitos humanos, raça e gênero































































































































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