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Conheça o projeto!

O PROJETO MEMÓRIAS NEGRAS EM VERBETES – Inventário Participativo de Referências Espaciais, Sociais e Simbólicas realiza um levantamento visando o resgate e desapagamento da presença das populações negras na história de Porto Alegre.

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Verbetes

Atualizado: 14 de out. de 2024

Figura 1 – Mapa do Areal da Baronesa, Porto Alegre/RS – 1906

Fonte: Elaboração de Daniele Machado Vieira sobre Mapa de Porto Alegre/RS, 1906 (IHGRGS, 2005).


O antigo Areal da Baronesa era uma grande área, que se estendia do atual Colégio Pão dos Pobres (área da residência do Barão e da Baronesa do Gravataí) até a Av. Ipiranga (antiga Rua dos Pretos Forros). Inicialmente uma zona de chácaras contígua à área central, embora separada desta pelo Riachinho (Arroio Dilúvio antes da canalização), a área foi urbanizada na virada do século XIX para o XX, compondo hoje parte dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus. Conforme pode ser observado no Mapa de 1906 (Figura 1), tinha como limites a Av. Praia de Belas à oeste, à leste a Rua 13 de Maio (atual Av. Getúlio Vargas) e o Riachinho; ao norte, a Ponte de Pedra e, ao sul, a Rua 28 de Setembro (antiga Rua dos Pretos Forros, parte da atual Avenida Ipiranga).

Com registros de moradores na região desde meados do século XIX, a origem do arraial está relacionada ao parcelamento da chácara da Baronesa do Gravataí em 1879 (MATTOS, 2000, p. 39). Com o loteamento da chácara em terrenos e a abertura de novas ruas, a área passa a ser conhecida como Arraial da Baronesa. Mas a grande quantidade de areia grossa na região, oriunda do Lago Guaíba, levou ao trocadilho “Arraial” por “Areal”, consagrando o local como Areal da Baronesa, segundo o cronista Sanhudo (1961, p. 186).

Documentos levantados pela pesquisadora Jane Mattos (2000, p. 41) atestam a presença de pessoas negras, livres ou ainda escravizadas, residindo no local já nos anos 1870. Crê-se que libertos na área não eram uma exceção, visto que nessa mesma época surge a Rua dos Pretos Forros (FRANCO, 2006, p. 425; MATTOS, 2000, p. 47), posteriormente denominada Rua 28 de Setembro, data da Lei do Ventre Livre. Limite sul do Areal da Baronesa, a Rua 28 de Setembro aparece pela primeira vez no mapa em 1888, juntamente com a Rua 13 de Maio, limite leste da área. É emblemático que os limites sul e leste do Areal da Baronesa, território majoritariamente negro, fossem denominações que faziam referência a dois marcos da emancipação negra: a Lei do Ventre Livre e a Abolição da Escravidão.


O Areal da Baronesa ficou marcado na memória da cidade pela grande quantidade de terreiros de batuque e pelos animados carnavais. Palco de grandes carnavais, é no Areal que surge o Rei Momo Negro, na figura de Adão Alves de Oliveira, popularmente conhecido como Seu Lelé (GERMANO, 1999). Durante três anos, de 1948 a 1951, o Momo Lelé reina para seus súditos negros. O início do carnaval era precedido por um cortejo, que se iniciava na Ponte de Pedra. Seu Lelé contava que ele saia do Areal, levado de caiaque pelo Lago Guaíba até chegar à Ponte de Pedra e abrir o carnaval.


Então quando chegou na Ponte de Pedra no primeiro ano, aí alguém já avisou para os blocos que estavam lá já em fila indiana de que o Rei Momo estava chegando naquele momento. [...] E aí já começou os clarins a tocar. [...] tocando alto e bem forte. Jogaram uns três ou quatro foguetes. Ali iniciava-se o primeiro carnaval do Areal da Baronesa com o Rei Momo preto (OLIVEIRA, 1991, p. 7 apud Germano, 1999).


Os foliões seguiam em cortejo pela Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem) até chegar no Areal. Os carnavais do Areal eram conhecidos como o “carnaval na areia”, pois as ruas eram de chão batido – um areião. O coreto de Seu Lelé ficava na Rua Baronesa do Gravataí, onde hoje encontra-se o Quilombo do Areal, localizado na Travessa Luiz Guaranha, uma das muitas “avenidas” da região. De acordo com os antigos moradores, as avenidas eram moradias coletivas de aluguel, espaço com diversas casas de madeira ou peças, distribuídas ao longo de um pátio ou corredor. O desmantelamento do antigo Areal da Baronesa esteve relacionado à canalização do Arroio Dilúvio, que separava o Areal da cidade. Ao ter seu trecho final retificado, o Riachinho deixa de correr por dentro da Cidade Baixa, possibilitando a incorporação da área do Areal à cidade e às suas lógicas de “modernização” e consequente exclusão das camadas de baixa renda.


Referências


FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: guia histórico. 4. ed. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2006.


GERMANO, Iris Graciela. Rio Grande do Sul, Brasil e Etiópia: os negros e o carnaval de Porto Alegre nas décadas de 1930 e 40. 1999. 275 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.


MATTOS, Jane Rocha de. Que arraial que nada, aquilo lá é um areal: o Areal da Baronesa: imaginário e história (1879-1921). 2000. 158 f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Programa de Pós-graduação em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.


SANHUDO, Ary Veiga. Porto Alegre: crônicas da minha cidade. Porto Alegre: Edições Sulina, 1961. 1 v.


SANTOS, Irene (org.). Negro em Preto e Branco: história fotográfica da população negra de Porto Alegre. Porto Alegre: [s. n.], 2005.


SANTOS, Irene (coord.) et al. Colonos e Quilombolas: memória fotográfica das

colônias africanas de Porto Alegre. Porto Alegre: [s. n.], 2010.


VIEIRA, Daniele Machado. Territórios Negros em Porto Alegre/RS (1800-1970): geografia histórica da presença negra no espaço urbano. Belo Horizonte: ANPUR, 2021. Disponível em: https://anpur.org.br/territorios-negros-em-porto-alegre-rs-1800-1970. Acesso em: 25 jan. 2023.



 
 
 

Atualizado: 14 de out. de 2024



Em 05 de fevereiro de 1914, foi realizada na cidade a mudança de nomenclatura de um dos principais logradouros da então região da Cidade Baixa. Denominada de Concórdia recebeu a nominação do abolicionista brasileiro José do Patrocínio. Este ato reuniu inúmeras associações bailantes, recreativas e operárias, fundadas e mantidas pela comunidade negra local. Oficializada pelo poder público com a presença do intendente José Montaury (Partido Republicano Riograndense) a cerimônia teve continuidade nos salões da Sociedade Satélite Porto Alegrense. Fundada por famílias negras, 14 anos após a abolição oficial da escravidão em 20 de abril de 1902, a Sociedade Satélite recebeu nominações diferentes ao longo de sua trajetória, caracterizada pelas alterações em seus estatutos. Recreativa ou Bailante ou somente Satélite Porto Alegrense foi uma associação longeva agregando membros de diversas profissões (Comerciantes, advogados, funcionários públicos) que possibilitaram no decorrer de suas gestões a compra de um terreno para a construção de uma sede própria. Em um dos seus estatutos, do ano de 1921, a agência política de seus fundadores estava descrita ao longo de suas páginas descrevendo um dos principais objetivos – a educação ofertada a seus membros na manutenção de uma biblioteca para a leitura de obras cientificas, artes e ofícios, bem como a promoção de um caixa beneficente para auxílio nas enfermidades e falecimentos, e a edificação de uma sede própria. Neste sentido, nas primeiras três décadas a Sociedade esteve localizada em quatro endereços distintos: Rua Riachuelo n. 187 (área central da cidade), rua General Lima e Silva n. 56, Travessa Batista n. 12 (Ilhota) e Venezianos n. 368 – centrados, na sua maioria, nos territórios negros da cidade. A Sociedade promovia bailes, inclusive nas dependências do icônico Teatro São Pedro, participando de desfiles carnavalescos e festas organizadas por entidades negras da cidade e de fora desta. Na década de 1950, as atividades foram diminuindo até quase a sua paralisação. No ano 1956, em 30 de setembro, a Sociedade Satélite Porto Alegrenseoriginou, juntamente com a Sociedade Prontidão, uma outra organização – a Associação Satélite Prontidão.


Referências:


Jornal A Federação 08/02/1914.

Jornal O Exemplo 07/05/1916.

Jornal O Exemplo 17/03/1918.

Jornal A Federação 08/01/1921.

Jornal O Exemplo 25/02/1929.

ZUBARAN, Maria Angélica. O Acervo do Jornal O Exemplo (1892-1930): patrimônio cultural afro-brasileiro. Revista Memória em Rede, Pelotas, v. 7, n. 12, 2015.

Atualizado: 14 de out. de 2024




Cordão Carnavalesco, Sociedade Carnavalesca, Recreativa ou Beneficente foram as nomenclaturas agregadas e alteradas ao longo três décadas de existência do Prontidão. Foi fundado em 1º de março de 1925 por um grupo jovens que buscava uma forma de acessar um salão onde ocorria um baile de carnaval, no qual eles não tinham recursos suficientes para a compra dos convites. Segundo relatos dos antigos vivenciadores, os jovens articularam uma estratégia e conseguiram ingressar no salão cantando um refrão que fazia alusão à condição financeira de cada um “Pron, prontidão, pron, prontidão”. Nesta mesma noite ocorreu o ato de fundação do então Cordão Carnavalesco na moradia de Cecilia Pedroso, também fundadora das Vanguardeiras Prontistas. Entre os jovens fundadores estavam: José de Oliveira Lomando, Oscar Martins, Antônio Hermínio de Oliveira e Aderbal Braz. O Prontidão promoveu em suas sedes inúmeros bailes, cursos de alfabetização e assistência médica para os seus sócios. A sociedade esteve localizada em alguns espaços locados na da cidade de Porto Alegre. No ano de 1932, ocupava uma casa na rua General Lima e Silva n. 377 e, posteriormente, ocupou um prédio com dois pavimentos na rua Barão de Gravataí n. 645, onde permaneceu até a década 1960, neste momento, já como Sociedade Satélite Prontidão.

Referências:


Jornal A Federação, 23/07/1931.

Jornal A Federação, 03/09/1931.

Jornal A Federação,17/02/1933.

Um Histórico resumido da Associação Satélite Prontidão – Nilo Feijó. Acervo Memorial Associação Satélite Prontidão.

Nossos objetivos na 2ª edição

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Confira as metas da segunda edição do projeto MEMÓRIAS NEGRAS EM VERBETES – Inventário Participativo de Referências Espaciais, Sociais e Simbólicas Projeto realizado com recursos da Lei Complementar nº 195/2022. 

01

+ 50 Verbetes no site

A segunda edição prevê em suas metas a publicação de mais 50 verbetes, totalizando 100 verbetes no blog até o final desta etapa.

03

Mobilização da comunidade

Mobilizar pessoas representativas e instituições do movimento negro porto-alegrense para debater o projeto.

02

Audiodescrição dos conteúdos do site

Nosso projeto agora terá o recursos de audiodescrição, tornando a pesquisa acessível a mais pessoas.

04

Audiolivro

Montar Audiolivro unindo os episódios do Desapaga POA e do Memórias Negras em Verbetes.

Reportagens

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Verbetes em destaque

O Príncipe Custódio, figura histórica envolta em mistério, faleceu em Porto Alegre em 1935 e nasceu na África no século XIX. Duas narrativas principais disputam sua origem: uma o vincula à realeza do Benin, atribuindo-lhe importância no batuque e no assentamento do Bará do Mercado, enquanto outra o identifica como filho de um comerciante de escravos africano, chegando a Porto Alegre após disputas familiares. Custódio se destacou na cidade tanto por sua participação nas corridas de cavalos quanto por sua liderança religiosa, sendo reconhecido por sua influência nos cultos africanos e por seu papel de mediador entre a população negra e a elite. Seu legado segue relevante para o movimento negro e para as discussões políticas e religiosas no Rio Grande do Sul.

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Príncipe Custódio

Lupicínio Rodrigues, nascido em Porto Alegre em 1914, destacou-se como um dos maiores compositores da música brasileira, conhecido como o mestre da "dor de cotovelo". Desde cedo, transitou pela boemia e pela música, conciliando sua trajetória com uma breve passagem pelo exército e uma vida marcada por empreendedorismo e engajamento social. Suas composições, como Se Acaso Você Chegasse e Nervos de Aço , tornaram-se clássicos, interpretados por grandes nomes da música. Gremista fervoroso, compôs o hino do Grêmio e participou ativamente da cena cultural e política, chegando a disputar uma eleição. Mesmo reconhecidos nacionalmente, episódios de racismo, o que reforçou seu papel na luta pelos direitos da comunidade negra. Faleceu em 1974, deixando um legado imortal na música popular brasileira.

Lupicínio Rodrigues

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Tambor – Museu de Percurso do Negro

O Tambor Amarelo, instalado na Praça Brigadeiro Sampaio em 2010, tornou-se um símbolo da presença e trajetória do negro em Porto Alegre, sendo um marco do Museu de Percurso do Negro. Concebido por um coletivo de artistas e griôs, com base em uma pesquisa antropológica de Iosvaldyr Bittencourt, a obra foi desenvolvida em um processo coletivo inspirado em valores civilizatórios africanos. Além de resgatar a memória negra no antigo Largo da Forca, o tambor representa a diversidade cultural afro-brasileira e denuncia a pouca representatividade da cultura africana nos monumentos da capital gaúcha. Hoje, a escultura fortalece a identidade negra e ressoa com imigrantes africanos e latino-americanos que chegam ao Rio Grande do Sul. O trabalho dos artistas e griôs envolvidos reforça a importância da arte coletiva e da ancestralidade na construção da memória urbana. Mais do que um monumento, o Tambor Amarelo é um convite ao reconhecimento e à valorização da história negra na cidade.

Pelópidas Thebano Ondemar Parente (1934-2022) foi um renomado artista plástico, desenhista e figurinista de Porto Alegre, destacando-se na arte afrocentrada e no carnaval da cidade. Servidor público por décadas, contribuiu com projetos arquitetônicos e participou da concepção do Aeromóvel. Suas obras abordam a diáspora africana e a identidade negra, refletindo sobre a influência cultural afro-brasileira. Foi um dos idealizadores da Frente Negra de Arte e autor de marcos visuais do Museu de Percurso do Negro, como o Tambor Amarelo. Seu legado é reconhecido em diversas exposições e premiações, consolidando-o como uma referência na arte negra no Rio Grande do Sul.

Pelópidas Thebano

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Wilson Tibério (1916-2005), conhecido como Tibério, foi um artista afro-brasileiro engajado no debate antirracista e colonialista do século XX. Natural de Porto Alegre, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Nacional de Belas Artes, destacando-se por sua arte voltada à vivência da população negra. Em 1947, emigrou para a França, viajando por diversos países e se aproximando do movimento Négritude. Sua produção artística denunciava o colonialismo e exaltava a diáspora africana, com obras que hoje integram acervos como a Pinacoteca Ruben Berta, a UFRGS e o Museu Afro Brasil.

Wilson Tibério

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A Ilhota era uma pequena porção de terra na Cidade Baixa, Porto Alegre, formada pelo meandro do Arroio Dilúvio e delimitada pelas atuais avenidas Getúlio Vargas e Érico Veríssimo. Surgida em 1905, tornou-se um núcleo habitado por uma população majoritariamente negra e de baixa renda, conhecida por sua forte tradição boêmia e carnavalesca, sendo berço do samba e lar de Lupicínio Rodrigues. Com a canalização do Arroio Dilúvio após a enchente de 1941, a área foi alvo de interesse imobiliário e sofreu uma brutal remoção populacional no final da década de 1960, deslocando muitos moradores para a Restinga, então uma periferia sem infraestrutura adequada.

Ilhota

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Durante o século XIX, os Campos da Redenção, inicialmente uma grande várzea alagadiça fora da cidade de Porto Alegre, foram um importante local para celebrações culturais e religiosas da população negra, como o Candombe da Mãe Rita e outros batuques, realizados com tambores e danças. Esses festejos, mencionados por cronistas da cidade, ocorreram especialmente na área ao redor da atual rua Avaí e nas proximidades da Capelinha do Bom Fim. Em 1884, a Várzea foi oficialmente renomeada para Campos da Redenção para comemorar a libertação dos escravizados em Porto Alegre, embora a abolição tenha sido limitada e parcial, com muitos negros ainda vivendo como libertos ou escravizados. A nova denominação refletia o legado da resistência e presença cultural dos negros na cidade.

Campos da Redenção

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Dario de Bittencourt, nascido em 1901, foi um importante advogado, educador e ativista negro, com uma trajetória marcada pela luta contra o preconceito racial e pela valorização das tradições culturais negras. Criado por seu avô após a morte do pai, Dario teve uma educação privilegiada, estudando em instituições renomadas e se graduando em Direito pela Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre. Ao longo de sua vida, foi membro ativo de diversas organizações negras, como a Sociedade Beneficente Floresta Aurora e o Grêmio Náutico Marcílio Dias, e participou ativamente do jornal O Exemplo, que combatia o racismo. Além disso, Dario se envolveu com religiões de matriz africana, defendendo a aceitação do Candomblé como religião legítima. Em sua carreira acadêmica, foi professor catedrático de Direito Internacional Privado na Universidade do Rio Grande do Sul e se aposentou em 1957, mantendo seu compromisso com a luta contra a discriminação racial até sua morte.

Dario de Bittencourt

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Em 2 de julho de 1949, a Folha da Tarde fez um convite aberto aos homens de cor de Porto Alegre para a fundação de um clube náutico, inicialmente chamado José do Patrocínio, mas que recebeu o nome de Marcílio Dias, em homenagem ao intelectual negro. O Clube foi criado com o objetivo de proporcionar aos jovens negros o acesso a esportes como remo e natação, atividades que eram negadas pelos clubes brancos da cidade. Fundado em 4 de julho de 1949, o clube teve como principais articuladores figuras como João Nunes de Oliveira e Armando Hipólito dos Santos. Em 1950, abriu oficialmente sua sede na Avenida Praia de Belas, sendo um ponto de encontro para festas e eventos importantes da comunidade negra local. Na década de 1960, o clube lançou o jornal Ébano, e embora tenha enfrentado dificuldades com sua sede, incluindo a construção de um ginásio destruído por ventos fortes, o clube seguiu promovendo atividades até seu fechamento na década de 1970.

Clube Náutico Marcílio Dias

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A área do atual bairro Mont'Serrat, até meados do século XX e talvez até as décadas de 1980/90, era conhecida como a Bacia do Mont'Serrat, um território predominantemente negro com registros desde o início do século XX. O bairro teve sua origem marcada pela presença de famílias negras, com destaque para a Rua Arthur Rocha, nomeada em homenagem ao dramaturgo negro Arthur Rodrigues da Rocha. A Bacia do Mont'Serrat foi uma área de forte religiosidade, com várias casas de batuque e terreiros de matriz africana, e se tornou um ponto de encontro de trabalho e sociabilidade para as famílias negras da região, com destaque para atividades como a lavagem de roupas e o trabalho de costureiras. Além disso, o bairro foi berço de tradições culturais como blocos de carnaval e piqueniques dominicais. No entanto, com o processo de urbanização e transformação social, o antigo território negro se perdeu, embora ainda resista uma presença negra na região.

Bacia do Mont'Serrat

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