top of page
1.png

O PROJETO MEMÓRIAS NEGRAS EM VERBETES – Inventário Participativo de Referências Espaciais, Sociais e Simbólicas realiza um levantamento visando o resgate e desapagamento da presença das populações negras na história de Porto Alegre.

  • Spotify
  • Instagram
  • TikTok
  • YouTube
2ª (1).png

Na 2ª edição do projeto Memórias Negras em Verbetes, será publicada uma nova e importante leva de verbetes que ampliam o reconhecimento das trajetórias, territórios e manifestações culturais negras em Porto Alegre. Esta edição trará nomes como o do poeta e puxador de samba Jajá, a matriarca quilombola Mãe Apolinária, o músico e agitador cultural Giba Giba, e figuras históricas como o Rei Congo Francisco Bernardo da Silva. Também estarão presentes coletivos e espaços fundamentais para a resistência e criação negra na cidade, como o Instituto Afro-Sul Odomodê, o Museu do Hip Hop, a Banda de Jazz Espia Só e a histórica Liga da Canela Preta. Esses são apenas alguns dos exemplos que compõem a lista prevista para publicação, reforçando o compromisso do projeto com a valorização da memória e do legado negro porto-alegrense.

Verbetes

Atualizado: 14 de out. de 2024



O Tambor amarelo – por referência a Oxum – gravado de figuras longilíneas que contam a trajetória do negro em Porto Alegre, já é uma das marcas da Praça Brigadeiro Sampaio, também conhecida por Praça da Harmonia e cada vez mais reconhecida pela população como Praça do Tambor. É um passo significativo para percorrer o Museu de Percurso do Negro.


Esta escultura foi erguida em 2010 como obra-síntese da proposta do museu: concebida por um coletivo de artistas e memorialistas (griôs), orientada por uma pesquisa antropológica elaborada por Iosvaldyr Bittencourt e, a partir deste processo, conduzida por meio de uma oficina de formação de monitores de um projeto direcionado a jovens militantes e outros em situação de vulnerabilidade social indicados pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). O formato de discussões e elaboração do trabalho foi pensado para ser realizado dentro de valores civilizatórios de matriz africana, como ouvir a voz dos griôs, se reunir em círculos e avançar na proposta de arte coletiva.


Artistas, griôs e orientadores dos estudos antropológicos tiveram o desafio de elaborar uma proposta estética para um marco simbólico que sintetizasse a cultura negra brasileira forjada na matriz africana. Ainda precisava ser uma obra que “desapagasse” a presença negra naquela parte do território da cidade, conhecido no século XIX por Largo da Forca. A esse respeito relata o artista visual Leandro Machado “teríamos que ter uma coisa muito forte e significativa. Então, julgamos que o tambor sintetizava e, ao mesmo tempo, englobava todas as diversidades que são expressas pela cultura negra”.


O Tambor, em poucos anos, se tornou um dos símbolos mais potentes da representatividade do negro na formação da cidade e, ao mesmo tempo, instrumento de denúncia sobre a pouca, ou nenhuma representatividade da cultura de matriz africana no escopo de monumentos da capital. Cabe, ainda, salientar que o tambor toca na identidade e na saudade dos imigrantes chegados ao RS no século XXI – os africanos e os latino-americanos.


Coletivo de artistas: George Pinto, André Venzon (se desligaram do projeto), Adriana Xaplin, Leandro Machado, Marcos Mattos, Pelópidas Thebano, Elaine Rodrigues (do Mocambo) e Carlos Augusto da Silva, o Gutê.

Griôs: José Calixto Ferreira, mestre Borel; Nilo Feijó; Elaine Rodrigues e José Alves Bitencourt o Lua.



Referências:


VARGAS, Pedro R. O Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre ou, para muitos, a surpreendente história de um museu que não parece museu dedicado a um gaúcho que não é percebido como gaúcho. In: RAMOS, Jeanice D; VARGAS, Pedro R; SOUZA, Vinicius V. Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre: etapa IV. Porto Alegre, Editora Porto Alegre: 2015


SOUZA, Vinicius Vieira. Artes Visuais de Referência Afro-brasileira no espaço público de Porto Alegre. In: RAMOS, Jeanice D; VARGAS, Pedro R; SOUZA, Vinicius V. Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre: etapa IV. Porto Alegre, Editora Porto Alegre: 2015


Atualizado: 14 de out. de 2024



O terceiro marco visual do Museu de Percurso do Negro, chamado “Bará do Mercado”, foi inaugurado em 7 de fevereiro de 2013, mesmo dia em que o lugar do assentamento do Bará foi indicado e aprovado pelo Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural (COMPAHC) como Bem Cultural de Natureza Imaterial de Porto Alegre, passando a fazer parte do patrimônio cultural da cidade. A solicitação para o registro junto à Secretaria de Cultura da capital foi iniciativa da Congregação em Defesa das Religiões Afro-brasileiras (CEDRAB).

A obra é formada por sete chaves de bronze, colocadas em sentido anti-horário, envoltas por dois círculos excêntricos, um amarelo e outro vermelho, formados por pedras de granito. As chaves estão conectadas a correntes também de bronze, que juntas apontam para sete diferentes coordenadas geográficas, sendo duas delas direcionadas ao Lago Guaíba. Os ferrolhos das chaves mostram duas formas diferentes, uma destinada ao Bará Agelú e outra ao Bará Lodê. O mosaico está situado sobre o assentamento dedicado ao Bará, no centro do Mercado, uma grande encruzilhada marcada pelo encontro das quatro linhas que demarcam as entradas da edificação.

O monumento, idealizado por Mãe Norinha de Oxalá, que é fruto do labor coletivo e de uma soma de saberes, foi concebido por Pelópidas Thebano e Leandro Machado, e executado por Vinicius Vieira, Leandro Posenato e Vilmar Santos. A homenagem em pedra ao Orixá Bará é a solidificação de um processo de aproximação entre o campo religioso e o ativismo do movimento negro. Em outras palavras, marca o reconhecimento da dimensão étnica do embate religioso contra a intolerância religiosa. As demandas do CEDRAB por valorização do patrimônio histórico e cultural africano por meio de evidenciar a “Tradição Bará do Mercado” encontrou apoio decisivo das organizações do movimento negro, coroando esta obra de arte como um ponto emblemático do Museu de Percurso do Negro.



Referências:


SOUZA, Vinicius Vieira. Artes Visuais de Referência Afro-brasileira no espaço público de Porto Alegre. In: RAMOS, Jeanice D; VARGAS, Pedro R; SOUZA, Vinicius V. Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre: etapa IV. Porto Alegre, Editora Porto Alegre: 2015


VARGAS, Pedro R. O Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre ou, para muitos, a surpreendente história de um museu que não parece museu dedicado a um gaúcho que não é percebido como gaúcho. In: RAMOS, Jeanice D; VARGAS, Pedro R; SOUZA, Vinicius V. Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre: etapa IV. Porto Alegre, Editora Porto Alegre: 2015


Atualizado: 14 de out. de 2024



O Museu de Percurso do Negro é um museu de território. Propõe a ativação da memória da presença negra por meio de elementos materiais (monumentos) distribuídos ao curso de lugares na capital gaúcha que são referência para a memória negra e que foram ao longo do tempo apagadas do contexto de formação étnica de Porto Alegre.


Embora a primeira escultura do Museu – Tambor – tenha sido realizada em 2010 com recursos econômicos e apoio do Projeto Monumenta do governo federal e da Prefeitura de Porto Alegre, a criação deste Museu sempre esteve nas mãos e nos desejos das associações e dos militantes do movimento negro. Naquela ocasião, foi criado um conselho gestor do projeto com entidades do Movimento com autonomia para definir os rumos da ação, perfil dos artistas e aplicação do investimento monetário.


No entanto, os primeiros esforços para colocar em prática as ações que iriam ser materializadas no museu aconteceram no final da década de 1990, quando diversas organizações do movimento negro se reuniram para discutir e pautar o I Seminário para organização de um Centro de Referência Afro-brasileiro (CRAB), que teria por objetivo catalisar programas e projetos que desenvolvessem políticas em prol da comunidade negra. Este seminário, em 1996 e mais dois nos anos de 1997 e 1998, levantaram, entre outras questões importantes, dois problemas interrelacionados: o processo de apagamento paulatino da memória negra, em especial, no que tange a identificação de espaços e lugares da cidade com a população negra e, como contramovimento, a necessidade que se impunha de marcar pontos importantes no território da capital para uma escrita espacial da história do negro. Visando mediar o conflito entre memória e esquecimento se propôs erguer monumentos que sinalizassem a relação dos espaços escolhidos com a cultura e a presença negra, ou seja, procurava-se a marcação de um território negro, invisível, não apenas no espaço, mas também no tempo. Além do Tambor na Praça Brigadeiro Sampaio – já chamada de Praça do Tambor, se conta com A Pegada Africana, na Praça da Alfândega, o Monumento ao Bará, no Mercado Público, e o Painel Afro-brasileiro, no Largo Glênio Peres, porém, se está falando de um museu em movimento e em constante construção.


O museu superou seus ideais e limites de instrumento de ativação da memória negra no território da cidade, se convertendo, como assinala a pesquisadora Elza da Rosa, como divisor de águas pela capacidade que construiu de alavancar a luta por mais direitos, políticas públicas e inclusivas e garantias de dignidade humana (ver Quadro a seguir).



ATIVIDADES

REALIZAÇÃO

  • Primeiras articulações para a criação do CRAB - Década 1990

  • Reuniões preparatórias para o I Seminário de Criação do CRAB - 1996

  • Seminário de criação do CRAB e oficinas - 1997

  • Seminários II e III - 1998/99

  • Plano de Ação do Projeto Monumenta - 2002

  • Início do Projeto do Museu nas ações do Projeto Monumenta - 2008

  • Pesquisa Histórico-antropológica e pesquisa Museológica - 2009

  • Desenvolvimento de 5 projetos para obras de arte pública por artistas do grupo de artistas do Museu - 2009

  • Tambor – I Etapa/Formação da 1ª turma de jovens monitores - 2010

  • Lançamento do livro de registro da experiência do Museu - 2010

  • Pegada Africana – II Etapa - 2011

  • Bará do Mercado – III Etapa - 2013

  • Painel Afrobrasileiro – IV Etapa/Formação da 2ª turma de monitores - 2014

  • Lançamento do Catálogo do Museu - 2015



Referências:


VARGAS, Pedro R. O Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre ou, para muitos, a surpreendente história de um museu que não parece museu dedicado a um gaúcho que não é percebido como gaúcho. In: RAMOS, Jeanice D; VARGAS, Pedro R; SOUZA, Vinicius V. Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre: etapa IV. Porto Alegre, Editora Porto Alegre: 2015


SOUZA, Vinicius Vieira. Artes Visuais de Referência Afro-brasileira no espaço público de Porto Alegre. In: RAMOS, Jeanice D; VARGAS, Pedro R; SOUZA, Vinicius V. Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre: etapa IV. Porto Alegre, Editora Porto Alegre: 2015


VILASBOAS, Ilma Silva; BITTENCOURT JÚNIOR, Iosvaldyr C; SOUZA, Vinicius Vieira. Museu de Percurso do Negro em `Porto Alegre. Editora Porto Alegre, 2010


ROSA, Elza Vieira. O Museu de Percurso do Negro de Porto Alegre-RS: Interrompendo Invisibilidades, Reescrevendo experiências negras na cidade. Dissertação de Mestrado em Sociologia, Porto Alegre : UFRGS, 2019





Nossos objetivos na 2ª edição

areal-da-baronesa.jpg
l1918mjjf022-300x300.jpg

Confira as metas da segunda edição do projeto MEMÓRIAS NEGRAS EM VERBETES – Inventário Participativo de Referências Espaciais, Sociais e Simbólicas Projeto realizado com recursos da Lei Complementar nº 195/2022. 

01

+ 50 Verbetes no site

A segunda edição prevê em suas metas a publicação de mais 50 verbetes, totalizando 100 verbetes no blog até o final desta etapa.

03

Mobilização da comunidade

Mobilizar pessoas representativas e instituições do movimento negro porto-alegrense para debater o projeto.

02

Audiodescrição dos conteúdos do site

Nosso projeto agora terá o recursos de audiodescrição, tornando a pesquisa acessível a mais pessoas.

04

Audiolivro

Montar Audiolivro unindo os episódios do Desapaga POA e do Memórias Negras em Verbetes.

Reportagens

2ª (4).png
7.png
8.png
2ª (5).png

Verbetes em destaque

O Príncipe Custódio, figura histórica envolta em mistério, faleceu em Porto Alegre em 1935 e nasceu na África no século XIX. Duas narrativas principais disputam sua origem: uma o vincula à realeza do Benin, atribuindo-lhe importância no batuque e no assentamento do Bará do Mercado, enquanto outra o identifica como filho de um comerciante de escravos africano, chegando a Porto Alegre após disputas familiares. Custódio se destacou na cidade tanto por sua participação nas corridas de cavalos quanto por sua liderança religiosa, sendo reconhecido por sua influência nos cultos africanos e por seu papel de mediador entre a população negra e a elite. Seu legado segue relevante para o movimento negro e para as discussões políticas e religiosas no Rio Grande do Sul.

Obá-Ovonramwen-e-sua-Família.webp

Príncipe Custódio

Lupicínio Rodrigues, nascido em Porto Alegre em 1914, destacou-se como um dos maiores compositores da música brasileira, conhecido como o mestre da "dor de cotovelo". Desde cedo, transitou pela boemia e pela música, conciliando sua trajetória com uma breve passagem pelo exército e uma vida marcada por empreendedorismo e engajamento social. Suas composições, como Se Acaso Você Chegasse e Nervos de Aço , tornaram-se clássicos, interpretados por grandes nomes da música. Gremista fervoroso, compôs o hino do Grêmio e participou ativamente da cena cultural e política, chegando a disputar uma eleição. Mesmo reconhecidos nacionalmente, episódios de racismo, o que reforçou seu papel na luta pelos direitos da comunidade negra. Faleceu em 1974, deixando um legado imortal na música popular brasileira.

Lupicínio Rodrigues

images (2).jpg
210614_Giulian Serafim_PMPA  (3).jpg

Tambor – Museu de Percurso do Negro

O Tambor Amarelo, instalado na Praça Brigadeiro Sampaio em 2010, tornou-se um símbolo da presença e trajetória do negro em Porto Alegre, sendo um marco do Museu de Percurso do Negro. Concebido por um coletivo de artistas e griôs, com base em uma pesquisa antropológica de Iosvaldyr Bittencourt, a obra foi desenvolvida em um processo coletivo inspirado em valores civilizatórios africanos. Além de resgatar a memória negra no antigo Largo da Forca, o tambor representa a diversidade cultural afro-brasileira e denuncia a pouca representatividade da cultura africana nos monumentos da capital gaúcha. Hoje, a escultura fortalece a identidade negra e ressoa com imigrantes africanos e latino-americanos que chegam ao Rio Grande do Sul. O trabalho dos artistas e griôs envolvidos reforça a importância da arte coletiva e da ancestralidade na construção da memória urbana. Mais do que um monumento, o Tambor Amarelo é um convite ao reconhecimento e à valorização da história negra na cidade.

Pelópidas Thebano Ondemar Parente (1934-2022) foi um renomado artista plástico, desenhista e figurinista de Porto Alegre, destacando-se na arte afrocentrada e no carnaval da cidade. Servidor público por décadas, contribuiu com projetos arquitetônicos e participou da concepção do Aeromóvel. Suas obras abordam a diáspora africana e a identidade negra, refletindo sobre a influência cultural afro-brasileira. Foi um dos idealizadores da Frente Negra de Arte e autor de marcos visuais do Museu de Percurso do Negro, como o Tambor Amarelo. Seu legado é reconhecido em diversas exposições e premiações, consolidando-o como uma referência na arte negra no Rio Grande do Sul.

Pelópidas Thebano

DSC08728.JPG

Wilson Tibério (1916-2005), conhecido como Tibério, foi um artista afro-brasileiro engajado no debate antirracista e colonialista do século XX. Natural de Porto Alegre, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Nacional de Belas Artes, destacando-se por sua arte voltada à vivência da população negra. Em 1947, emigrou para a França, viajando por diversos países e se aproximando do movimento Négritude. Sua produção artística denunciava o colonialismo e exaltava a diáspora africana, com obras que hoje integram acervos como a Pinacoteca Ruben Berta, a UFRGS e o Museu Afro Brasil.

Wilson Tibério

Wilson-Tibério2.webp

A Ilhota era uma pequena porção de terra na Cidade Baixa, Porto Alegre, formada pelo meandro do Arroio Dilúvio e delimitada pelas atuais avenidas Getúlio Vargas e Érico Veríssimo. Surgida em 1905, tornou-se um núcleo habitado por uma população majoritariamente negra e de baixa renda, conhecida por sua forte tradição boêmia e carnavalesca, sendo berço do samba e lar de Lupicínio Rodrigues. Com a canalização do Arroio Dilúvio após a enchente de 1941, a área foi alvo de interesse imobiliário e sofreu uma brutal remoção populacional no final da década de 1960, deslocando muitos moradores para a Restinga, então uma periferia sem infraestrutura adequada.

Ilhota

1e5be6_ae786181f3b94c5d994a2d1e831a0fad~mv2.png

Durante o século XIX, os Campos da Redenção, inicialmente uma grande várzea alagadiça fora da cidade de Porto Alegre, foram um importante local para celebrações culturais e religiosas da população negra, como o Candombe da Mãe Rita e outros batuques, realizados com tambores e danças. Esses festejos, mencionados por cronistas da cidade, ocorreram especialmente na área ao redor da atual rua Avaí e nas proximidades da Capelinha do Bom Fim. Em 1884, a Várzea foi oficialmente renomeada para Campos da Redenção para comemorar a libertação dos escravizados em Porto Alegre, embora a abolição tenha sido limitada e parcial, com muitos negros ainda vivendo como libertos ou escravizados. A nova denominação refletia o legado da resistência e presença cultural dos negros na cidade.

Campos da Redenção

1e5be6_1e15c15d29b14b8fbe1e767b661e50fe~mv2.png

Dario de Bittencourt, nascido em 1901, foi um importante advogado, educador e ativista negro, com uma trajetória marcada pela luta contra o preconceito racial e pela valorização das tradições culturais negras. Criado por seu avô após a morte do pai, Dario teve uma educação privilegiada, estudando em instituições renomadas e se graduando em Direito pela Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre. Ao longo de sua vida, foi membro ativo de diversas organizações negras, como a Sociedade Beneficente Floresta Aurora e o Grêmio Náutico Marcílio Dias, e participou ativamente do jornal O Exemplo, que combatia o racismo. Além disso, Dario se envolveu com religiões de matriz africana, defendendo a aceitação do Candomblé como religião legítima. Em sua carreira acadêmica, foi professor catedrático de Direito Internacional Privado na Universidade do Rio Grande do Sul e se aposentou em 1957, mantendo seu compromisso com a luta contra a discriminação racial até sua morte.

Dario de Bittencourt

FIGURA-7-DARIO-DE-BITTENCOURT-FOTOGRAVURA_Q320.jpg

Em 2 de julho de 1949, a Folha da Tarde fez um convite aberto aos homens de cor de Porto Alegre para a fundação de um clube náutico, inicialmente chamado José do Patrocínio, mas que recebeu o nome de Marcílio Dias, em homenagem ao intelectual negro. O Clube foi criado com o objetivo de proporcionar aos jovens negros o acesso a esportes como remo e natação, atividades que eram negadas pelos clubes brancos da cidade. Fundado em 4 de julho de 1949, o clube teve como principais articuladores figuras como João Nunes de Oliveira e Armando Hipólito dos Santos. Em 1950, abriu oficialmente sua sede na Avenida Praia de Belas, sendo um ponto de encontro para festas e eventos importantes da comunidade negra local. Na década de 1960, o clube lançou o jornal Ébano, e embora tenha enfrentado dificuldades com sua sede, incluindo a construção de um ginásio destruído por ventos fortes, o clube seguiu promovendo atividades até seu fechamento na década de 1970.

Clube Náutico Marcílio Dias

1_W9BpakWHuqVX-Bmf0THb7Q.png

A área do atual bairro Mont'Serrat, até meados do século XX e talvez até as décadas de 1980/90, era conhecida como a Bacia do Mont'Serrat, um território predominantemente negro com registros desde o início do século XX. O bairro teve sua origem marcada pela presença de famílias negras, com destaque para a Rua Arthur Rocha, nomeada em homenagem ao dramaturgo negro Arthur Rodrigues da Rocha. A Bacia do Mont'Serrat foi uma área de forte religiosidade, com várias casas de batuque e terreiros de matriz africana, e se tornou um ponto de encontro de trabalho e sociabilidade para as famílias negras da região, com destaque para atividades como a lavagem de roupas e o trabalho de costureiras. Além disso, o bairro foi berço de tradições culturais como blocos de carnaval e piqueniques dominicais. No entanto, com o processo de urbanização e transformação social, o antigo território negro se perdeu, embora ainda resista uma presença negra na região.

Bacia do Mont'Serrat

1e5be6_f7e2d5828ea84612be55064ad4f1131d~mv2.png

Inscreva-se para receber novidades

Realização:

Design sem nome (8).png

Podcast:

Elefante Preto.png

Apoio:

Design sem nome (7).png
rBYewJWAM8ZbQVghG1jzhCIlmw6wIp7lzQeRCyjh.jpeg
Design sem nome (29).png
Design sem nome (37).png

Financiamento:

Design sem nome (5).png
bottom of page